SETORIZAÇÃO
SETORIZAÇÃO
FORMAÇÃO, ESPIRITUALIDADE E MISSÃO DOS ANIMADORES DE SETORES
APRESENTAÇÃO
Cultivar a presença de Cristo
“‘Eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo’ (Mt28,20). Essa certeza, amados irmãos e irmãs, acompanhou a Igreja durante dois milênios (...); dela devemos auferir um novo impulso para a vida cristã, melhor, fazer dela a força inspiradora de nosso caminho. É com a consciência dessa presença do Ressuscitado entre nós que hoje nos fazemos a pergunta feita a Pedro, no fim de seu discurso em Pentecostes, em Jerusalém: ‘O que devemos fazer?’ (At 2,37)” (João Paulo II, Carta Novo Millennio Ineunte sobre o início do novo milênio, n. 29).
“O que devemos fazer?” Nas últimas décadas, a Igreja no Brasil tem procurado dar uma resposta adequada a essa pergunta, incentivando as pequenas comunidades. Variam os nomes em nossa Igreja: São chamados de setor, mini-setor, grupos de família, grupo de reflexão – mas o objetivo é idêntico: criar a presença de Jesus Cristo em nosso meio. Foi ele mesmo que nos deu esse poder: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20).
Para ter Jesus em nosso meio, há somente uma exigência: reunir-se em seu nome. Ele, então, iluminará nossas vidas com sua Palavra, nos dará sua força e nos levará ao encontro de irmãos e irmãs que, sob mil rostos, têm o seu rosto. Este rico subsídio, servirá, certamente, para dar nova motivação a estes encontros. E é preciso que isso aconteça. Afinal, a setorização é uma prioridade em nossa Igreja Particular (Diocese). É um extraordinário espaço de evangelização num mundo que é cada vez mais urbano e que tende a isolar as pessoas num individualismo nada evangélico.
A você, animadores e animadora, minha palavra de incentivo. Você é o coração desses grupos. Eles dependem muito de sua perseverança e criatividade.
Aos coordenadores de comunidade, pastorais, movimentos e todo o povo de Deus aos responsáveis pelos setores. Façam o que estiver ao seu alcance para que eles continuem se multiplicando. A vida cristã tem necessidade de grandes celebrações, em que todos experimentem a alegria de pertencer a uma família numa dimensão do mundo. Mas necessita, também, de experiências que só uma pequena comunidade pode lhe dar. Cada qual, então, poderá fazer sua a descoberta do Salmista: “Como é bom, como é agradável, os irmãos viverem juntos” (Sl 133/132,1).
Uma Espiritualidade de Comunhão
Aplica-se aos setores de nossa paróquia a observação feita pelo Documento de Aparecida a respeito das pequenas comunidades eclesiais: “Constata-se que nos últimos anos está crescendo a espiritualidade de comunhão e que, com diversas metodologias, não poucos esforços têm sido feitos para levar os leigos a se integrar nas pequenas comunidades eclesiais, que vão mostrando frutos abundantes. Nas pequenas comunidades eclesiais temos um meio privilegiado para a Nova Evangelização e para chegar a que os batizados vivam como autênticos discípulos e missionários de Cristo” (DAp 308). Os setores “são um ambiente propício para se escutar a Palavra de Deus, para se viver a fraternidade, para se animar na oração, para aprofundar processos de formação na fé e para fortalecer o exigente compromisso de ser apóstolos na sociedade de hoje. São lugares de experiência cristã e evangelização que, em meio à situação cultural que nos afeta, secularizada e hostil à Igreja, se fazem muito mais necessários” (DAp 308). Para muitos fiéis, os setores são um lugar privilegiado para uma experiência concreta de Cristo e uma experiência de comunhão. Afinal, quem não gosta de ser acolhido fraternalmente, de se sentir valorizado, de se sentir realmente membro de uma comunidade eclesial e corresponsável pelo seu desenvolvimento? Claro que essa experiência não é suficiente para nossa fé. Há necessidade de um passo além – isto é, de participar da vida paroquial, que é uma comunidade de comunidades, que tem como centro a Eucaristia e como farol a Palavra de Deus.
Pertencemos, também, a uma Igreja Particular – isto é, a uma Diocese, “na qual está e opera verdadeiramente a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica” (Concílio Vaticano II, Decreto Christus Dominus, 11). Nossa comunhão é, também, com o Papa, sucessor de Pedro, “perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade de fé e comunhão” (Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática Lumen Gentium, 18). Como, pois, não agradecer ao Senhor pelo setores? Como não lhe agradecer pelas pessoas que trabalham para que esses grupos cresçam e beneficiem um número sempre maior de pessoas?...
INTRODUÇÃO
SETORES
A prática dos setores reunindo-se nas casas para refletir e rezar tem uma longa história na Igreja do Brasil. Já no tempo do Brasil colonial, por falta de ministros ordenados, o povo católico se reunia nas casas, em frente a oratórios, para reza do terço e a celebração dos santos padroeiros. Nos anos 60, por influência da teologia do Concílio Vaticano II (1962-1965), passou- se a dar destaque à Bíblia. Sempre houve muitos grupos, motivados especialmente por momentos ou eventos: Tempos litúrgicos; Campanha da Fraternidade; mês das vocações; semana da família; encontros de juventude; encontros das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); pastoral política nos anos de eleições; vinda do Papa, em 1991. Infelizmente, porém, esta iniciativa foi-se enfraquecendo no final dos anos 80. Mesmo assim, houve muitas paróquias e comunidades que continuaram elaborando materiais e mantendo viva a chama dos setores permanentes, sobretudo com a prática das novenas de Natal e da Quaresma.
SETOR: NO CAMINHO DO NOVO MILÊNIO.
Com a realização do Projeto de Evangelização “Rumo ao Novo Milênio”, proposto pela CNBB para os anos de 1996 a 2000, a Diocese de Jardim desenvolveu diversas atividades nos setores em vista da nova evangelização.
A CNBB aprovou as grandes linhas de um novo Projeto: “Ser Igreja no Novo Milênio”. O Projeto tinha como finalidade renovar a consciência da identidade e da missão da Igreja. Ele se voltava, em primeiro lugar, para a evangelização e, ao mesmo tempo, cuidava de manter viva e perseverante a fidelidade dos setores. O Projeto “Ser Igreja no Novo Milênio” enfatizava o estudo dos Atos dos Apóstolos e a continuidade dos setores, trazendo presente o estilo de Igreja das primeiras comunidades cristãs, que se reuniam nas casas.
Em continuidade a nossa Diocese de Jardim aprovou como prioridade diocesana as Santas Missões Populares com objetivo de sempre manter acessas as chamas dos setores. A Paróquia Nossa Senhora do Carmo realizou com muito entusiasmo esse trabalho de evangelização. No dia 26 de Novembro de 2006 a nossa paróquia abraçou em Assembléia Paroquial o projeto de Evangelização as Santas Missões Populares.
Assim que ficou decidido em Assembléia as Santas Missões Populares, iniciou o estudo do projeto de evangelização. No mês de Fevereiro e Março de 2007 foi realizado estudo e retiro; Nos meses de Março à Junho de 2007 passamos em todas as comunidades falando sobre o que é Santas Missões Populares, sua metodologia, espiritualidade e atividade; No dia 16 de Julho na festa da padroeira fizemos à abertura solene das Santas Missões Populares; Nos meses de Agosto a Novembro ficou para ser feita a setorização com grupos de famílias.
Por meio deste projeto de evangelização – Santas Missões Populares – a nossa Igreja buscou evangelizar: acolhendo e integrando todos os irmãos na vida da comunidade; Buscou ajudar os batizados a fazer uma nova experiência do amor de Deus e levar a um novo ardor missionário, a uma nova paixão por Cristo! Buscou ajudar as famílias a viverem o amor de Deus; Buscou fortalecer, reorganizar e unir os conselhos paroquiais com a participação de todos; Buscou fortalecer, reorganizar, unir as comunidades, setores, grupos de famílias, pastorais, movimentos, associações; Buscou despertar e formar novas lideranças; Buscou ajudar os batizados a tomar consciência que é a responsável pela ação missionária e pastoral da Igreja e pela construção de um mundo mais humano e cristão; Buscou fazer com que todos os fiéis, diretamente ou através de representantes eleitos, participem, quanto possível, não só da execução, mas também do planejamento e das decisões relativas à vida eclesial e à ação Pastoral da Igreja.
Depois veio como prioridade setorização, formação e juventude. E ultimamente ficou como prioridade somente setorização. Existe setores nas comunidades. Mas queremos multiplicar, organizar melhor e animar mais.
SETOR: RESPONSABILIDADE DOS ANIMADORES E ANIMADORAS.
Para garantir que os setores se fortaleçam como prioridade pastoral e continuem sendo espaço de vivência da fé e do amor, de reflexão, oração e compromisso com os irmãos e irmãs, conforme o projeto de Jesus é indispensável que os animadores e animadoras tenham formação adequada e permanente. Daí a necessidade de prosseguirmos na realização de algumas tarefas fundamentais para garantir a sustentação desta caminhada de evangelização: a elaboração de subsídios; o acompanhamento aos grupos; a formação dos animadores e animadoras e das coordenações.
Para sustentar a caminhada dos setores, em nossa paróquia temos os roteiros de encontros da Campanha da Fraternidade, Páscoa, Semana do Estudante, Pentecostes, Mês Mariano, Novena da Padroeira, Semana Nacional da Família, Mês Vocacional, Mês da Bíblia, Mês Missionário, Advento, Natal etc...
O empenho pela permanência e formação de novos setores visa a fazer com que eles sejam sementes de um novo modo de ser Igreja, tornando-a cada vez mais santa, comunitária, missionária, ministerial, servidora, dialogante, acolhedora, alegre, criativa, pneumática, profética, martirial, pobre. Que estes grupos favoreçam a formação e o fortalecimento de verdadeiras comunidades de fé e vida, base da grande comunidade paroquial.
SETOR: UMA GRAÇA E UM SERVIÇO:
Os setores se apresentam como uma graça que o Espírito Santo nos concedeu para enfrentarmos os desafios da sociedade atual desse milênio. São graça e dom de Deus! Portanto, são também compromisso nosso.
PRIMEIRA PARTE
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA PARTICIPANTES DOS SETORES
1 IDENTIDADE E OBJETIVO DOS SETORES
1.1 O QUE É UM SETOR?
• É um grupo de pessoas que se reúnem nas casas, para rezar, refletir, partilhar, à luz da Palavra de Deus, a realidade que a cerca, com o compromisso de ações práticas para a transformação dessa realidade.
• É um grupo de pessoas que querem fazer a experiência do encontro com Deus, que é Amor e Vida; são pessoas que querem aprender a prática da oração em comum, da vivência fraterna, da vida cristã.
• É um espaço onde as pessoas se encontram para partilhar a vida, a fé e a oração, na ligação entre Bíblia e vida, revelação e realidade, Palavra de Deus e ação humana.
• É um local em que as pessoas são valorizadas, conhecidas pelo nome, onde as pessoas se sentem Igreja, onde fazem a experiência de serem iguais, filhos e filhas do mesmo Pai.
• É uma manifestação de resistência profética, de construção da cidadania, de descoberta de novos caminhos de vida cristã e ação social, de solidariedade e de testemunho de vida.
• É um meio privilegiado de evangelização e de valorização da vida, em qualquer ambiente.
• É um lugar onde surgem novas lideranças, onde as pessoas descobrem seus dons e carismas, para colocá-los a serviço da comunidade, através dos diversos ministérios, pastorais, organismos etc.
• É um espaço onde se busca ser Igreja conforme o modelo das primeiras comunidades cristãs; Igreja que vai ao encontro das pessoas; Igreja nas casas, nos condomínios, nas ruas; Igreja Povo de Deus; Igreja que liga Palavra, fé e vida.
• É um modo de catequese permanente com adultos, crianças e jovens, um espaço onde todos aprendem e ensinam, sinal da vitalidade da Igreja e de sua irradiação missionária.
• É um instrumento que contribui para a renovação da Igreja, para a conversão pessoal e a conversão pastoral, para revitalizar a paróquia, fazendo dela “comunidade de comunidades”.
• É um espaço que responde às exigências atuais da evangelização, juntamente com as comunidades eclesiais de base (CEBs) e outras formas válidas de pequenas comunidades, inclusive redes de comunidades, de movimentos, de grupos de vida, de oração e de reflexão da Palavra de Deus (DAp 180).
• É um dos pontos de partida para uma nova sociedade de justiça, solidariedade, igualdade e paz.
• É um grupo que se identifica pela prática do compromisso, da partilha e da solidariedade, e pela celebração da própria vida em relação com a vida de Jesus Cristo e de sua proposta de um Reino de paz e justiça.
• É o lugar onde todas as pastorais, movimentos devem atuar.
1.2 QUAIS OS OBJETIVOS DOS SETORES?
• Contribuir para uma renovação da consciência da identidade e da missão da Igreja.
• Proporcionar aos fiéis a oportunidade de viverem a simplicidade da vida cristã.
• Ser um espaço de comunhão e participação.
• Ser espaço onde as pessoas, sobretudo as famílias vizinhas, se conheçam e criem laços de amizade, solidariedade e fraternidade.
• Descobrir a revelação de Deus no cotidiano de nossa realidade.
• Despertar para a experiência afetiva de Deus. Criar espaço para que o povo possa • se manifestar e
se expressar na partilha de sua vida de fé e de sua sabedoria.
• Evangelizar, a exemplo de Jesus, pela Palavra de Deus e pelo testemunho.
• Manter viva e perseverante a fidelidade das comunidades “aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à partilha e às orações”, tal como foi descrito em Atos 2,42-47.
• Favorecer a consciência de ser Igreja, animar as pessoas para a vida comunitária e eclesial.
• Tornar a Palavra de Deus mais conhecida.
• Possibilitar a leitura da Bíblia a partir da realidade.
• Superar o anonimato, o individualismo, a divisão, o egoísmo, o espírito de competição e a ganância que o atual sistema, regido pelo mercado, produz nas pessoas.
• Contribuir para que a paróquia seja “comunidade de comunidades”, a serviço da vida.
• Despertar e exercitar a consciência da cidadania cristã.
• Provocar a consciência crítica diante da realidade social, política, econômica, ideológica.
• Estimular as pessoas para a responsabilidade de cada qual na transformação da realidade, como protagonistas da nova sociedade.
• Ajudar o povo a conscientizar-se de seus próprios direitos, a se organizar e a lutar por eles.
• Despertar e formar lideranças para as lutas do povo, nas organizações populares, nas pastorais sociais, movimentos populares, sindicatos, ONGs, partidos políticos, conselhos comunitários etc.
• Por fim, formar e construir verdadeiras comunidades comprometidas com o projeto de Jesus, isto é: Comunidades onde todos participem, tenham voz e vez.
• Onde todos os serviços são repartidos e assumidos por todos e entre todos.
• Onde se celebra a fé e a vida.
• Onde há partilha, entre-ajuda, igualdade, co-responsabilidade, testemunho.
• Onde “todos tenham vida e vida plena” (Jo 10,10).
1.3 POR QUE CRIAR SETORES E PARTICIPAR DELES?
• É uma maneira de viver à semelhança da Santíssima Trindade, que é comunidade e unidade na diversidade de pessoas.
• No setor, todos somos iguais enquanto pessoas humanas, mas distintos nos dons e nos serviços de cada qual.
• Antes de tudo, o setor é um espaço para experiência de comunhão, de vida comunitária, de união das pessoas, no mesmo modo da união entre as pessoas divinas: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30).
• Vivendo em setor, damos o mais original testemunho da fé na Santíssima Trindade: “Pai, que todos sejam um, como nós somos um” (Jo 17,21).
• No setor vive-se a comunhão batismal, experimentasse a expressão maior da graça do batismo, a habitação da Trindade em nós, a presença do próprio grupo trinitário em nós e entre nós (Jo 14,23).
• Quem quer seguir Jesus, descobrirá o setor como lugar do discipulado. Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18, 20).
• A realidade está exigindo que unamos forças, pois a situação econômica, política e social está complicando cada vez mais a vida do nosso povo.
• Enfim, é importante criar setores e deles participar, porque nesses grupos:
Ø As pessoas que participam da comunidade podem ser acolhidas com mais amor e atenção;
Ø As pessoas deixam de ser “massa” dispersa e manipulada, para ser povo consciente e organizado;
Ø Pode-se oferecer um tratamento qualificado e uma atenção especial para os novos moradores de nossas comunidades;
Ø Possibilitam-se mais e melhores informações, e não se deixa as pessoas serem manipuladas pela cabeça dos poderosos e pelos meios de comunicação social;
Ø Ajuda-se as pessoas a superarem a dependência, fazendo-as serem agentes e sujeitos da própria história;
Ø Ajuda-se o povo a vencer em comum os problemas e dificuldades que prejudicam a vida e violam a dignidade das pessoas e das famílias;
Ø Valoriza-se a pessoa como ela é e ajuda-se a criar laços de fraternidade e união entre as famílias.
1.4 POR QUE ACREDITAR NOS SETORES?
• A Bíblia aponta para o surgimento e o preparo de lideranças; a formação de pequenos grupos; a organização do povo em vista da libertação, da promoção e defesa da vida; a construção do Reino de Deus.
• Diante da escravidão do seu povo no Egito, Deus envia Moisés para organizar o povo e libertá-lo das garras do Faraó (Ex 3,7-12).
• Diante do trabalho incansável de Moisés, seu sogro Jetro o aconselha a organizar o povo em grupos e a repartir a liderança (Ex 18,13-27).
• Na travessia do rio Jordão e na entrada na Terra Prometida, Deus envia Josué para organizar a entrada na terra e construir uma nova sociedade (Js 1,1-9; 4,14-17).
• Jesus prepara os continuadores de sua missão, organizando, formando e enviando o grupo dos 12 apóstolos (Mt 10,1-42).
• Para saciar a fome da multidão, Jesus orienta para a organização em grupos e a partilha do pão (Mc 6,30-44; ver vv.39-40).
• Os primeiros cristãos viviam em comunidade e perseveravam unidos na doutrina dos apóstolos; nas reuniões em comum; na fração do pão e nas orações; eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um; todos juntos frequentavam o Templo e nas casas partiam o pão, tomando a refeição com alegria e simplicidade de coração; juntos louvavam a Deus (At 2,42-47).
• Os primeiros cristãos viviam unidos e tinham tudo em comum; formavam um só coração e uma só alma; tudo era posto em comum entre eles; davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus; gozavam de grande aceitação; entre eles ninguém passava necessidade (At 4,32-37).
1.5 POR QUE OS ENCONTROS DOS SETORES ACONTECEM NAS CASAS?
• Em toda a Bíblia, a palavra casa (no singular ou no plural) aparece cerca de 1280 vezes. Em todo o Novo Testamento, são 355 vezes. Nos Evangelhos, são 170 vezes. Nos Atos dos Apóstolos, 50 vezes. Como se vê, proporcionalmente a palavra casa/casas aparece com mais frequência nos Atos, em comparação com os quatro Evangelhos; com mais frequência nos Evangelhos, em comparação com o Novo Testamento; com
mais frequência no Novo Testamento, em comparação com toda a Bíblia. Isto revela que a casa era o lugar da ação e da pregação de Jesus e das primeiras comunidades cristãs.
• Grandes acontecimentos da salvação aconteceram nas casas. Maria recebe o anúncio do Salvador em sua casa (Lc 1,26ss). Jesus manda celebrar a Páscoa numa casa (Mt 26,17-20). O Pentecostes aconteceu em uma casa (At 2,1-2). A Igreja primitiva evangelizava nas casas: “de casa em casa não cessavam de ensinar” (At 5,42). Paulo evangelizava “de casa em casa” (At 20,20). A maior e mais perfeita revelação de Deus se dará no céu, na casa do Pai, onde “há muitas moradas” (Jo 14,2).
• A casa foi lugar fundamental na missão de Jesus (Mc 2,1-2; 7,17.24; 9,33; 10,10; Mt 13,36).
• Jesus entrou em diversas casas: de Simão Pedro e André, onde cura a sogra de Pedro (Mc 1,29-33); de Jairo, o chefe da sinagoga, onde cura sua filha, a menina Talita (Mc 5,35-43); de Simão, o leproso (Mc 14,3-9); do fariseu Simão (Lc 7,36ss); de Marta e Maria (Lc 10,38-42); de Zaqueu (Lc 19,1-10).
• Jesus visitava as famílias, entrava em suas casas, fazia refeições nas casas do povo, inclusive na casa de pecadores (Levi e Zaqueu, por exemplo). Os evangelhos relatam 18 parábolas sobre a vida doméstica, valorizando a evangelização nas casas. A primeira evangelização se deu nas casas, abrindo-se assim para o mundo. No Templo, as pessoas ficavam de fora, havia exclusão.
• Jesus profetiza contra os que exploram as casas das viúvas (Mc 12,40).
• Ao mandar os discípulos em missão, Jesus diz para eles entrarem nas casas e levarem a paz para as casas (Lc 10,5).
• Jesus mandava entrar nas casas para evangelizar (Mc 6,10).
• Maria e os apóstolos estavam em uma casa, quando aconteceu a descida solene do Espírito Santo, no Pentecostes (Atos 1,13-14).
• No início do cristianismo, a Igreja acontecia nas casas. A casa era o espaço da Igreja doméstica e o lugar do encontro da comunidade cristã.
• Por mais de cem anos, quando não havia igrejas ou templos, foi a casa que moldou a vida da comunidade cristã. A casa era o lugar onde se encontrava a Igreja dos primeiros tempos. Os apóstolos evangelizavam nas casas.
• A Igreja iniciou com o relacionamento interpessoal, íntimo e intenso dos membros das famílias. Os primeiros cristãos e cristãs se reuniam nas casas para rezar, ensinar, refletir, partilhar o pão e celebrar (At 2,42-47).
• O livro dos Atos dos Apóstolos mostra que muitos fiéis abriram suas casas para acolher os Apóstolos e a comunidade da Igreja primitiva: Judas (9,11); Simão, o curtidor (9,43; 10,6); Maria, a mãe de João Marcos (12,12); Cornélio (10,24-27); Lídia (16,13-15); o carcereiro (16,27- 34); Jasão (17,5-7); Tício (18,7); Crispo (18,8); Priscila e Áquila, que acolheram Paulo para morar com eles (18,1-3); Filipe, o evangelista (21,8); Menásson (21,16); Tiago (21,18). Nessas citações, aparece frequentemente a expressão “e toda a sua casa”, para dizer que toda a família passou a crer no Evangelho de Cristo.
• No livro do Apocalipse encontramos a bela frase que serve de lema para os setores, a palavra dita para o povo de Laodicéia: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, eu com ele e ele comigo” (Ap 3,20).
2 FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICO-PASTORAL DOS SETORES
2.1 FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA
a) Moisés, no deserto, agrupou o povo em tribos, isto é, em grupos, em comunidades, para celebrar a Aliança com o Senhor (Ex 24, 1-11). O tribalismo, a organização do povo em 12 tribos, foi para o povo de Israel um jeito de superar o egoísmo e o isolamento. As doze tribos representam a unidade. O que fundamenta a tribo é a união, a vida em comum, a partilha. Trata-se da busca do ideal de uma sociedade igualitária, segundo o projeto de Deus. Respeitadas as devidas proporções, nossos grupos e comunidades também procuram inspirar-se nesta experiência do Povo de Deus, quando ensaiam, no cotidiano da vida, o ideal de uma nova sociedade caracterizada por relações fraternas e igualitárias, pela solidariedade, partilha e co-responsabilidade nas decisões e na entre-ajuda.
b) Toda a história do povo de Israel está marcada pelo sentido da vivência de comunidade. Nenhuma pessoa se entende como gente fora da vida em comunidade. Cada membro do povo se considera um representante de todo o povo e assume em si mesmo, em seus compromissos de vida, todas as grandezas e fraquezas do povo. Cada pessoa sabe que pertence ao povo com quem Deus fez uma Aliança (Ez 36,28; Jr 31,31-34).
c) Jesus segue as tradições de seu povo. Viveu 30 anos em Nazaré, no grupo familiar e na comunidade, onde crescia em idade, sabedoria e graça (Lc 2,39-40.51-52; 4,14-16). Nessa vida oculta se deu a inculturação do Filho de Deus. Através da vida em família, do trabalho, da vivência comunitária, da frequência à sinagoga, da participação na vida de seu povo, Jesus aprendeu a ser humano, foi crescendo em sabedoria, idade e graça diante de Deus e das pessoas e preparando-se para a sua missão.
d) Logo no início de sua vida pública, depois de ungido pelo Espírito Santo no seu batismo, Jesus constitui o grupo dos Doze Apóstolos e, através deste grupo, que é a semente da Igreja, dá continuidade à evangelização. Jesus evangeliza através de pessoas reunidas em grupo (Mc 1,16-20); através dos doze (Mt 10,1-42; Mt 28,16-20); através dos setenta e dois (Lc 10,1-24). Ao despedir-se deste mundo, Jesus não deixa um livro escrito, nem um sistema organizado de evangelização, mas deixa um grupo de pessoas – os Doze e outros discípulos e discípulas –, com a missão de evangelizar.
e) Na parábola da videira e dos ramos, Jesus mostra que ninguém faz nada sozinho, isolado. Um ramo separado do tronco seca, morre. Juntos, ligados uns com os outros e no tronco, os ramos produzem muitos frutos: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,1-8).
f) Pedro e os Doze, Maria, mãe de Jesus, os parentes de Jesus, seus discípulos e discípulas, estão reunidos quando recebem o Espírito Santo, no dia de Pentecostes, e passam então a anunciar em grupo o Evangelho do Mestre, confirmando assim o jeito de Jesus de evangelizar (At 2,14).
g) Nos Atos dos Apóstolos (2,42-47) temos o relato de um grupo bem formado: “perseveravam na doutrina dos Apóstolos..., viviam unidos e tinham tudo em comum..., unidos de coração..., vendiam seus bens e repartiam entre si..., louvavam a Deus e cativaram a simpatia do
povo”.
h) O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, segue a mesma metodologia evangelizadora de Jesus, isto é, forma grupos, cria comunidades, nas quais deixa coordenadores bem formados para animar os grupos. Paulo formou evangelizadores e fundou grupos de evangelização. Tais grupos são conhecidos como “Igreja doméstica”. Paulo usa muito a expressão: “a Igreja que se reúne em casa” (1Cor 16,19; Rm 16,3-5; Cl 4,15).
i) Nos primeiros tempos da Igreja, os encontros se realizavam nas casas, como grupos de oração e reflexão (1Cor 16,19; Atos 2,46). As casas são o lugar de reunião, visto que o Templo fechou suas portas a Jesus, aos Doze e a Paulo. A casa de Deus não é mais, para eles, um templo, uma construção, mas é o próprio grupo que se reúne. Este grupo é a Igreja de Deus. A Igreja começou com o relacionamento das famílias entre si.
j) Este conjunto de grupos reunidos nas casas forma a chamada “Igreja local”, isto é, o conjunto de vários grupos de uma cidade ou região. Costumava-se dizer: Igreja de Jerusalém (At 11,22), Igreja de Antioquia (At 13,1; 15,3), Igreja de Cencréia (Rm 16,1), Igreja de Laodicéia (Cl 4,16), ou Igreja que está em Corinto (2Cor 1,1). Com o refrão “quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2,7.11.17.29; 3,6.13.22), os capítulos 2 e 3 do Apocalipse fazem referência às sete igrejas da Ásia Menor – Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia – e aos elogios ou advertências que o Senhor Ressuscitado faz a cada uma delas.
l) A Igreja local (que podemos hoje chamar de rede de comunidades, paróquia ou diocese, conforme o nível a que nos referimos) é sempre um conjunto de grupos. Por sua vez, a comunhão das Igrejas locais forma a Igreja Universal. Portanto, os grupos não são isolados. Estão unidos na mesma e única Igreja de Cristo. A Igreja Universal é o Corpo de Cristo, formado de membros, isto é, de grupos. O Corpo de Cristo, a Igreja, é formado a partir de três dimensões: grupos, Igreja local (comunidade, paróquia e diocese) e Igreja Universal.
2.2 FUNDAMENTAÇÃO TRINITÁRIA
a) O Deus dos cristãos é comunidade. Nosso Deus, em seu mistério trinitário, é uma comunidade, uma família, uma equipe, um grupo. Deus é comunhão, convive e age em grupo, eternamente. Deus é um só, na unidade de Três Pessoas que se amam tanto e tão bem que são um só Deus, um só ser, uma só vida. Sendo unidade na trindade, Deus decide tudo em grupo, em equipe, porque tudo o que a Trindade Santa faz é comum às Três Pessoas Divinas. Deus não vive separado, não é solitário, não é isolado, não é individualista. Deus é “Eu-Tu- Nós”. Esta unidade de Deus, sua vida em comunhão é o fundamento da Igreja, uma vez que Jesus pediu: “Pai, que todos sejam um” (Jo 17,21).
b) Deus, que é comunhão, criou o homem e a mulher para a comunhão. “Desde o início, a pessoa humana é, por natureza, um ser social” (Gaudium et Spes 12). Deus vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal. Ao criar o homem e a mulher, inscreve neles a capacidade de comunhão (Familiaris Consortio 11). Ser imagem e semelhança de Deus é viver em comunidade, em grupo, em comunhão, é refletir na terra a realidade da vida trinitária de Deus no céu: “assim na terra como no céu”. A família, o grupo, a comunidade e a Igreja, cada qual no seu nível, são, na terra, expressões e sinais da Santíssima Trindade, no céu. Trindade no céu, Igreja na terra. Trindade no céu, pequeno grupo na terra.
c) Aprouve a Deus chamar os homens e mulheres à participação de uma vida e assim constituí-los num só povo, num corpo (Ad Gentes 2). Deus é modelo daquilo que nós devemos ser como Igreja e como sociedade (Catequese Renovada 202). Cada Pessoa Divina, na Trindade, não existe para si, mas para as outras duas, com as outras duas, nas outras duas. O que é próprio das Pessoas Divinas é a comunhão, o dom de si, o relacionar-se. Na Trindade, Deus vive uma vida onde tudo é comum. O viver de Deus é um “ser-em-equipe”, em grupo. Assim deverá ser a Igreja, povo de Deus. Daí a nossa preocupação com a “unidade na diversidade” e o nosso compromisso com uma vida em comunhão, em equipe.
d) Amamos, servimos e glorificamos Deus-Trindade quando vivemos em comunhão, em grupo, como ele vive. A existência cristã é uma “existência trinitária”. Formar grupos de reflexão, oração e ação (como são os Grupos Bíblicos em Família) é um compromisso trinitário (Catecismo da Igreja Católica 253-256).
e) A Igreja, que brota da Trindade, será uma comunidade de diálogo, de grupo, de união, de participação. Será, portanto, uma Igreja ministerial, ecumênica, solidária, transformadora. Viver em comunhão, em grupo, é a glória de Deus e a salvação da pessoa humana. “Que todos sejam um como nós somos um” (Jo 17,21). A Trindade é a gramática na qual se lê toda a história da salvação. A Trindade é a gramática da vida em grupo, em comunidade. A glória de Deus está na nossa comunhão, nos nossos Grupos Bíblicos em Família, grupos de reflexão, de oração, de vivência e de ação.
f) Quem se isola, não vive a dimensão trinitária da fé, coloca a Trindade no exílio e vive o monoteísmo do Antigo Testamento, não o monoteísmo trinitário do Novo Testamento. Nossos Grupos Bíblicos em Família devem ser o espelho da Trindade, um jeito humano de viver a vida da Trindade, em comunhão e participação.
g) O cristão vive em comunidade sob a ação do Espírito Santo, princípio invisível de unidade e comunhão, como também da unidade e variedade de estados de vida, ministérios e carismas (Documento de Puebla 638).
2.3 FUNDAMENTAÇÃO ECLESIOLÓGICA
a) A Igreja é o povo de Deus, que manifesta sua vida de comunhão e serviço evangelizador em diversos níveis e sob diversas formas (Documento de Puebla 618).
b) A Diocese, presidida pelo Bispo, é o primeiro espaço da comunhão e da missão (Documento de Aparecida 169). Em todas as suas comunidades e estruturas, ela é chamada a ser “comunidade missionária” (Documento de Aparecida 168). A Diocese é um território geográfico onde vivem pessoas e comunidades com determinadas características histórico-culturais, que se constituem como uma porção da Igreja de Cristo, unida no mesmo Espírito, alimentada pelo mesmo Evangelho e a mesma Eucaristia e presidida pelo mesmo Bispo. Ela é uma Igreja Particular, que se constitui e vive na comunhão da Igreja Universal, presidida pelo Papa. Na ação evangelizadora, tudo deve ser feito em unidade com o Bispo e com as opções, prioridades e decisões da Igreja diocesana.
c) Na Diocese devem florescer as paróquias e as comunidades cristãs, como células vivas e pujantes da vida eclesial (Documento de Santo Domingo 55).
d) As paróquias devem se tornar, mediante uma ação renovadora, espaços de iniciação cristã, da educação e celebração da fé, abertas à diversidade de carismas, serviços e ministérios. A paróquia, “comunidade de comunidades”, deve ser o lugar privilegiado no qual a maioria dos fiéis tem uma experiência concreta de Cristo e da comunhão eclesial. As paróquias são chamadas a ser “casas e escolas de comunhão” (Documento de Aparecida 170).
e) Nas pequenas comunidades cresce o relacionamento interpessoal na fé, o aprofundamento da Palavra de Deus, a participação na Eucaristia, a comunhão com os pastores e um maior compromisso social (Documento de Aparecida 307-310). Nelas se acentua o compromisso com a família, com o trabalho e a comunidade local. As pequenas comunidades são a esperança da Igreja (Evangelii Nuntiandi 58).
f) A missão da Igreja e dos setores é: “Evangelizar, a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham Vida e a tenham em abundância” (Objetivo Geral da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2010).
g) Tudo isso pode ser vivenciado no setor, que é uma das possíveis formas de pequenas comunidades eclesiais. No setor é possível fazer experiência de Deus, vivência fraterna, formação bíblico-teológica e ação missionária (Documento de Aparecida 226). O setor ajuda seus membros a serem discípulos missionários através do encontro com Cristo, da conversão, do discipulado, da comunhão e da missão (Documento de Aparecida 278). No processo de formação de verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo, o setor pode ser um espaço de iniciação à vida cristã, como também de formação permanente (Documento de Aparecida 286-300).
2.4 FUNDAMENTAÇÃO PASTORAL
a) Muitos dos fiéis batizados não são evangelizados. As crianças que fazem a Primeira Comunhão Eucarística não perseveram, os jovens crismados somem da Igreja. Muitos casais casam-se na Igreja, mas depois não vivem como Igreja, não fazem de sua família uma “Igreja doméstica”. Essa defasagem entre a recepção dos sacramentos e o modo de viver a fé não está de acordo com o Evangelho de Cristo. É preciso que haja uma nova evangelização. Não podemos continuar sendo Igreja que se limita a distribuir sacramentos, sem a devida evangelização. Daí a razão pastoral dos setores como um dos meios de evangelização.
b) Nos setores, pequenas células das comunidades e da paróquia, faz-se a experiência de Igreja nas casas, nas ruas e condomínios. Com os setores não construímos templos de pedra ou madeira, mas comunidades vivas.
c) Os setores são um belo modo de ser Igreja: Igreja missionária, Igreja nas ruas, nas casas, Igreja Povo de Deus. Não podemos permanecer na sacristia, nem na secretaria paroquial. Em vez de ficar reclamando que o povo não vem às missas, às nossas reuniões etc., nós é que temos de ir ao encontro do povo, ir aonde o povo está. Os verbos ir, sair, partir, caminhar, tão próprios da atividade missionária, são muito usados no livro dos Atos dos Apóstolos para falar da atividade missionária das primeiras comunidades cristãs.
d) Nos setores há continuidade da catequese em família, da catequese com adultos. Neles surgem novas lideranças, vocações e ministérios.
e) A cultura e a sociedade atuais favorecem muito o anonimato e o individualismo. O ser humano, criado para a comunhão, não suporta a solidão, nem a massificação. Almeja o encontro, o diálogo, a experiência de comunidade. Os setores oferecem oportunidade de encontro e associação, amizade e entre-ajuda.
f) Os setores colaboram para que nossa ação pastoral, evangelizadora e missionária faça a passagem de uma pastoral da conservação para uma pastoral da criatividade, da renovação das estruturas, da conversão pastoral das pessoas, das comunidades e de toda a Igreja.
3 METODOLOGIA DOS SETORES
3.1 PRINCÍPIOS DA METODOLOGIA PARTICIPATIVA
Os setores são um jeito ou uma forma diferente de educar, de conscientizar, de realizar a formação dos cristãos. Não seguem os métodos da escola tradicional, onde um sabe e ensina, outro não sabe e aprende. Nos setores se realiza uma evangelização inculturada e uma educação libertadora, numa metodologia participativa, que se caracteriza pelos seguintes princípios:
• Todos sabem. Cada um vivencia e transmite experiências pessoais importantes. Em cada pessoa existe um saber, muitas vezes diferente do saber dos outros.
• Ninguém ensina ninguém. Juntos nos educamos, aprendemos e crescemos, num relacionamento franco, igualitário, democrático e fraterno.
• A pessoa é feita para o diálogo. No setor treinamos a arte do diálogo, que exige respeito, acolhida e escuta de cada pessoa. Valoriza-se o saber de todos. Acontece a partilha e a troca de idéias, experiências, conhecimentos e sugestões.
• A pessoa é sujeito e nunca objeto. O setor é o espaço de liberdade para a pessoa expressar-se e agir com autonomia. O setor favorece a criatividade e as diferentes iniciativas. Nele, educa-se para a liberdade na co-responsabilidade.
• O ponto de partida é sempre a realidade. Começa-se com as perguntas e as preocupações da vida. Nos encontros dos setores partimos dos fatos concretos da vida e da realidade das pessoas, da comunidade e da sociedade. Olhamos para a realidade.
• Reflexão, ação e oração caminham juntas. Liga-se fé e vida, teoria e prática.
• É muito importante a celebração. Celebra-se fé e vida, o compromisso com os irmãos e irmãs, as conquistas, as tristezas, alegrias e esperanças do setor e da comunidade.
• É muito importante o uso de símbolos e gestos. Eles facilitam a compreensão e vivência dos temas tratados.
3.2 MÉTODO DOS SETORES
Os encontros dos setores partem da vida para chegar a “mais vida”, com nova visão, novo compromisso, novas atitudes, novos sentimentos, nova prática. Trata-se de um método de evangelização a partir da realidade onde as pessoas vivem, trabalham, estudam, celebram. Os setores seguem mais ou menos este caminho: ver –julgar – agir – celebrar.
a) Momento do ver: É a hora de olhar para a vida, para os fatos e acontecimentos, os problemas e as preocupações das nossas famílias e comunidades, do nosso país e do mundo. Ver com os olhos e o coração. Ver a realidade, como Jesus via no seu tempo. Por exemplo: ao ver a multidão de pessoas doentes e famintas, Jesus moveuse de compaixão (Mt 9,36; 14,14; 15,29-32).
b) Momento de julgar: É a hora de iluminar a realidade com o olhar de Deus, com um olhar mais profundo. É a hora em que se faz uma reflexão e análise desta realidade à luz da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Igreja. A realidade deve ser julgada a partir dos princípios evangélicos, que apresentam como valores máximos a pessoa humana, a vida, a justiça, a misericórdia, a solidariedade, o amor ao próximo. É hora de questionar: Por que essas coisas acontecem? Como Deus vê e julga esses fatos e acontecimentos? O que a Palavra de Deus tem a nos dizer sobre isso? O que precisa ser corrigido, mudado, para caminharmos na direção do projeto de Deus?
c) Momento do agir: É a hora de assumir ações concretas, com o objetivo de interferir na realidade para transformá-la, tornando-a mais de acordo com a vontade de Deus. É o compromisso com a mudança do nosso modo de ser, pensar e agir. É o compromisso com a participação na comunidade, com as ações e organizações que nela existem, para enfrentar os problemas coletivos. Diante da realidade do seu tempo, onde o povo era vítima da exploração, da doença, da miséria, da fome, Jesus assume uma prática libertadora que recupera a vida e a dignidade das pessoas: “Eu vim para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10). Pelo seu agir e sua maneira de atender as necessidades do povo, Jesus revela o amor que o Pai tem pela humanidade. O agir cristão, evangélico, tem em vista a transformação radical do ser humano, das famílias e comunidades, da cultura e da sociedade. Tem por objetivo a realização do Reino do Pai.
d) Momento de celebrar: É a hora da oração de súplica, de pedido de perdão, de oferecimento, de louvor, de ação de graças. É a hora de celebrar: A fé e a vida; A Palavra de Deus refletida e vivida; O compromisso pessoal e comunitário ou do grupo; As alegrias, esperanças e lutas; As vitórias do dia-a-dia de nossa vida.
É importante que celebremos e rezemos com símbolos, gestos, preces, salmos, com muita fé, devoção e criatividade. Esse método participativo, que segue os passos do ver, julgar, agir e celebrar, baseia a formação e a evangelização na reflexão, no estudo, na discussão, na oração e na ação. É muito importante, porque: Desperta a consciência crítica frente à realidade; Tira do comodismo; Compromete com a prática da Palavra de Deus e com os nossos irmãos e irmãs na transformação da sociedade e na construção do Reino de Deus.
3.3 Um exemplo bíblico
Este método dos setores inspira-se na própria prática de Jesus. Podemos tomar como exemplo de um grupo o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Nele aparecem três pontos que devem estar sempre presentes na leitura e na interpretação que fazemos da Bíblia e nos encontros dos nossos grupos.
a) Reflexão sobre a realidade: Jesus se aproxima e caminha com os discípulos, sem ser reconhecido. Ele quer tomar parte na conversa e pergunta pelos problemas que afligem a vida dos dois: “O que é que vocês estão conversando pelo caminho?” Eles param com jeito tristes, e um deles, chamado Cléofas, lhe diz: “Você é o único morador de Jerusalém que não sabe o que aconteceu lá, nestes dias?” – “O que foi?” – perguntou ele. O que Jesus queria era ficar bem por dentro do assunto da conversa. Após a dupla insistência de Jesus, os discípulos falaram do problema que estava matando neles a esperança. Nos setores colocam-se aqui algumas perguntas para ajudar nessa troca de idéias e de experiências em torno dos problemas da vida. As perguntas servem como sugestão. Cada grupo é livre para criar outras perguntas ou para debater livremente o assunto.
b) Estudo da própria Bíblia: Depois que os discípulos de Emaús acabaram de contar o que tinha acontecido, Jesus começou a usar a Bíblia, dizendo aos dois: “Como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram! Pois era preciso que o Messias sofresse e assim recebesse de Deus toda a glória”. E passou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele, começando com os livros de Moisés, e os escritos de todos os profetas.
Jesus usou a Bíblia não tanto para interpretar e ensinar a Bíblia, mas para, com ela, interpretar os fatos da vida e animar os dois. Ele escolheu aqueles textos que poderiam iluminar os problemas da vida, naquele momento, e transformá-los em apelo de Deus à esperança, à fé e ao compromisso. A vida assim interpretada ajuda, por sua vez, a entender melhor o sentido da Bíblia.
Nos setores colocam-se aqui algumas perguntas para aprofundar essa ligação que existe entre fé e vida.
c) Vivência comunitária do amor fraterno: Jesus andou com eles, conversou, criou um ambiente de abertura e confiança, e teve paciência para escutá-los. Com isso, o coração dos dois foi-se transformando. A ligação entre vida e Bíblia ajuda as pessoas a descobrirem os meios que favorecem, hoje, a conversão dos corações e a transformação da realidade. Isto estimula as pessoas a se sentirem mais fortes para o compromisso cristão.
Nos setores, após a reflexão sobre a realidade da vida de hoje e sua iluminação pela Palavra de Deus, são propostos compromissos de ação, de comunhão fraterna, de ajuda mútua, de intervenção na realidade, em vista de encorajamento dos participantes para o testemunho da ressurreição nos ambientes em que vivem.
d) Celebração da fé na ressurreição: A conversa com os discípulos termina numa celebração. “Então Jesus entrou para ficar com os dois discípulos. Sentou-se à mesa, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos e reconheceram Jesus”.
A Bíblia só não basta! Ela apenas esquenta o coração. Aquilo que realmente abre os olhos e faz reconhecer o Cristo presente na vida é a celebração. A celebração é o ponto de chegada, onde se vivem e se partilham as descobertas feitas, numa comunhão misteriosa dos discípulos entre si e com Jesus no meio deles. É a hora de assumir e de reforçar o compromisso, que faz os dois enfrentarem a escuridão da noite, sem medo, para correrem e anunciarem o Cristo ressuscitado. “Eles se levantaram e foram logo para Jerusalém, onde encontraram os onze reunidos com os outros. Então contaram o que havia acontecido e como tinham reconhecido o Senhor quando ele partiu o pão”.
e) Onde encontrar o Cristo hoje? Acabamos de ver como os discípulos de Emaús estavam tristes porque pensavam que ele tivesse sido morto para sempre. Mas Jesus colocou-se ao lado deles, recordou as Escrituras e deu-se a conhecer na partilha do pão. Os membros dos setores podem encontrar o Cristo hoje:
• nos membros da própria família: cônjuge, pais, filhos, familiares mais próximos;
• no companheiro, na companheira que caminham ao nosso lado, e em nossos irmãos e irmãs mais necessitados;
• nos pobres, doentes, portadores de HIV, pessoas carentes, menores abandonados, crianças de rua;
• na Palavra de Deus contida na Bíblia e na vida;
• na Eucaristia;
• na partilha do pão, dos dons e dos bens;
• na vida em comunidade;
• nos setores;
• na cruz de cada dia, no sofrimento a ser assumido, na luta a ser enfrentada;
• na assembleia reunida para a oração e a celebração;
• nas autoridades da Igreja, no ensinamento de nossos pastores.
4 FUNCIONAMENTO DOS SETORES
4.1 CONDIÇÕES PARA O BOM ANDAMENTO DO SETOR
Para que se alcance o objetivo e o bom funcionamento do setor, deve-se atender a alguns princípios básicos:
• Que todos se conheçam e se sintam bem acolhidos no setor.
• Que cada um se identifique com o setor, e que se crie um clima de simpatia, liberdade, amizade e confiança.
• Que o setor tenha objetivos claros e bem definidos.
• Que todos tenham iniciativas e sejam criativos, ajudando o setor a crescer em qualidade.
• Que haja distribuição de tarefas, para criar um senso de responsabilidade em cada membro do setor.
• Que cada membro se sinta útil e importante; que ninguém fique por fora, marginalizado.
• Que se dê importância para a avaliação e para revisões efetivas e objetivas das atividades.
• Que as conclusões dos assuntos e compromissos sejam assumidos a partir do setor e não apenas do animador ou animadora.
• Que não se fuja do assunto em debate.
• Que não se tenha medo de críticas; que se ponham as cartas na mesa, para evitar fofocas; que todos e cada um se deixem avaliar.
• Que todos saibam que o bom andamento do setor depende de cada um dos participantes; que a colaboração de cada qual é muito importante, indispensável; que não se espere tudo do animador ou animadora.
• Que haja alegria, otimismo, criatividade, amizade, pontualidade.
• Que se escolham pessoas com jeito e condições para animar o setor.
• Que o animador, a animadora não acumule muitas lideranças.
• Que o encontro seja bem preparado, dias antes, pelo animador ou animadora.
• Que o setor se organize de tal forma que, quando o animador ou animadora não puder estar, outra pessoa se prepare e assuma esse papel.
• Que se crie um clima gostoso e de amizade no encontro do setor, o qual é também um encontro de amigos, de irmãos e irmãs.
• Que se use de criatividade para animar o setor (violão, cantos, chimarrão, cafezinho, bate-papo).
• Que os encontros aconteçam, de preferência, semanalmente.
4.2 Ações práticas dos setores
Além das reuniões para reflexão e oração, os setores podem se ocupar de outras atividades, como:
• encontros, passeios, dias de lazer do próprio setor;
• encontros, celebrações com outros setores;
• missas em setores;
• comemorações de aniversário, de batizados, de bodas de matrimônio, confraternizações de Natal e Páscoa, amigo secreto;
• participação em romarias, manifestações, concentrações e mutirões;
• ajuda às famílias pobres e aos doentes;
• ajuda às famílias que enfrentam problemas de alcoolismo, drogas;
• acompanhamento dos velórios e famílias enlutadas;
• coleta de abaixo-assinados propostos pela Igreja (paróquia ou diocese);
• atuação em organizações e movimentos populares (associação de moradores, luta por moradia e terra, associações de desempregados, grupos de produção e de comercialização alternativa, sindicatos...);
• reivindicação de escola, estrada, posto de saúde, creches, ou outras melhorias necessárias na comunidade;
• cuidado com as situações especiais da comunidade: crianças, jovens, idosos, desempregados;
• coleta para doações, campanhas de solidariedade;
• tarefas na comunidade (festas do padroeiro, ajuda na liturgia, limpeza da capela...).
4.3 Orientações práticas para os encontros
• Preparação anterior: distribuição das lideranças e suas tarefas (pode ser feita no final de cada encontro); preparação do ambiente (símbolos, ornamentação...); leituras, cantos, orações. O bom andamento de cada encontro depende de sua preparação.
• Acolhida: pelos donos da casa, ou pelo animador ou animadora. Na chegada, receber bem os participantes. No início do encontro, apresentar as pessoas não conhecidas, acolher bem os que chegam pela primeira vez e os visitantes. Todas as pessoas devem se sentir bem, como membros da família de Deus.
• Oração inicial: criar um clima propício para o encontro com Deus e com os irmãos e irmãs, tomando consciência da sua presença no meio do grupo. Lembrar o que Jesus disse: “Quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).
• Motivação do encontro: é a hora de apresentar o tema e o objetivo do encontro. Há temas que são difíceis de serem tratados, como assuntos de política, de economia, de pluralismo religioso e outros temas sociais. Mas, não é por serem difíceis ou complicados que se deve fugir deles. Ao contrário, aí mesmo é que se deve estudá-los e conversar sobre eles.
• Proclamação da Palavra de Deus: é o momento central do encontro, quando se lê o texto bíblico que ilumina o tema do encontro e os fatos da vida. Deve-se ter um grande amor e respeito pela Bíblia.
• Aprofundamento da Palavra de Deus: é o esforço para compreender o que Deus nos quer dizer na Palavra proclamada.
• Momento de conversa: sobre a Palavra de Deus, sobre o tema, sobre a vida. Com toda a liberdade de filhos e filhas de Deus, os participantes expõem suas idéias, inspirações, opiniões. É hora de deixar falar a mente e o coração.
• Compromisso: em resposta aos apelos feitos pela realidade e pela Palavra de Deus, é importante que em cada encontro sejam assumidas algumas ações concretas que poderiam ser partilhadas no encontro seguinte.
• Oração e bênção: é o momento de celebrar o compromisso assumido, de invocar a bênção de Deus, para que, fortalecidos pela sua graça, todos continuem firmes na participação da comunidade e na proposta de Jesus Cristo. Motivem-se orações espontâneas: pedidos, oferecimentos, louvores, agradecimentos, pedidos de perdão, compromissos, adoração.
• Programação do próximo encontro: Marcar data, local, horário; distribuir as tarefas, etc.
• Música e cantos: são muito importantes, pois, como sabemos, “quem canta, reza duas vezes”. Entre os diversos momentos do encontro, podem-se intercalar cantos, refrões e outras músicas, que tenham ligação com o tema.
5 FRUTOS DOS SETORES
• Ajudam a comunidade a caminhar mais organizada, com a participação e o compromisso de mais pessoas;
• Promovem união nas famílias e nas comunidades;
• Favorecem o conhecimento da realidade e dos direitos dos cidadãos e cidadãs;
• Incentivam o diálogo aberto entre as pessoas;
• Despertam os carismas para os vários ministérios e serviços;
• Dão coragem e firmeza no compromisso com a luta pela vida e pela justiça;
• Despertam o senso crítico e a consciência política;
• Criam laços de fraternidade e amizade entre as pessoas, nas famílias, na vizinhança;
• Libertam do medo de falar;
• Transformam os evangelizados em evangelizadores e missionários;
• Incentivam para a busca conjunta da solução dos problemas;
• Ajudam a entender a caminhada atual da Igreja;
• Tornam mais conhecida e vivida a Palavra de Deus;
• São força de renovação da Igreja;
• Favorecem o surgimento de uma nova estrutura de Igreja, entendida como “rede de comunidades”;
• Abrem caminhos para projetos alternativos (trabalho com meninos e meninas de rua, grupos de geração de renda, etc...);
• Ensinam a dar valor às idéias das outras pessoas;
• Ajudam as pessoas a se sentirem mais Igreja;
• Oportunizam celebrações vivas e comprometidas, nas casas;
• Fazem surgir vocações e ardor pela missão e evangelização;
• Favorecem a promoção humana;
• Incentivam os pobres a acreditar na força da união e da comunhão;
• Ajudam a viver melhor os acontecimentos e a realidade que nos envolve;
• Promovem o encontro com Jesus Cristo, a conversão, o discipulado, a experiência da comunhão e o compromisso missionário;
• Favorecem a experiência de Deus, a formação bíblicoteológica, a vivência fraterna e o espírito missionário;
• Ajudam as pessoas a entenderem que a vida cristã é um dom que deve ser assumido com alegria e esperança.
SEGUNDA PARTE
ORIENTAÇÕES PARA
ANIMADORES E ANIMADORAS DOS SETORES
1 MISSÃO DOS ANIMADORES E ANIMADORAS DOS SETORES
A evangelização é missão e responsabilidade da Igreja toda. Todos os batizados e batizadas são chamados a evangelizar. Os cristãos leigos e leigas devem ter consciência de que são discípulos missionários e, por isso, sujeitos da evangelização. Exige-se, então, deles e delas uma adequada formação e profunda espiritualidade.
No exercício de sua liderança junto aos setores, os animadores e animadoras estão realizando um trabalho evangelizador e missionário, estão anunciando a Boa- Nova da Salvação e do Reino de Deus. O ministério do animador ou animadora é um serviço em vista do bom andamento do grupo e do crescimento dos seus participantes, na fé e no compromisso com Deus e com os irmãos e irmãs.
1.1 Quem é o animador, a animadora?
É uma pessoa que:
• convida e anima as pessoas a participar do grupo;
• sabe acolher;
• tem os pés no chão, os olhos na realidade, a Bíblia na mão, o coração na comunidade;
• é convicta da importância dos setores;
• transmite sua motivação a todas as pessoas;
• usa essas motivações para gerar expectativas, esperança, novas atitudes;
• leva outras pessoas a acreditar no grupo, a amar o grupo e a se converter ao grupo;
• não desanima e não é negativista e nem derrotista;
• vive e transmite a alegria cristã;
• sabe o que quer, tem visão das coisas;
• tem objetivos claros;
• sabe agir com firmeza e, ao mesmo tempo, com ternura.
1.2 Papel do animador, da animadora. Cabe ao animador ou animadora realizar os seguintes
serviços:
• Rezar pelo setor e também por cada pessoa do setor.
• Cuidar para que o setor não seja muito grande, pois deve haver tempo para todos terem vez e voz.
• Visitar, sempre os membros do setor e fazer que os membros se visitem.
• Convidar e motivar os vizinhos para participarem do setor, lembrando sempre o dia, a hora e o local do encontro.
• Acreditar no setor.
• Manter o setor sempre unido, firme e entusiasmado.
• Colocar sempre outra pessoa no seu lugar, quando houver qualquer imprevisto. Nunca deixar o setor sem rumo.
• Participar da vida da comunidade, dos encontros de formação, das atividades da paróquia, buscando aprender.
• Promover novas lideranças.
• Ter clareza e ajudar o setor a entender o objetivo da reunião.
• Aceitar crítica e avaliação, para fortalecer o trabalho e superar os problemas.
• Ajudar o setor a ser unido e torná-lo forte para a ação.
• Ter consciência crítica.
• Ter espírito de serviço.
• Viver a fé, a esperança e o amor.
• Caminhar com a Igreja.
• Ser forte e não ceder ao desânimo.
• Saber distinguir a brincadeira daquilo que é sério.
• Acreditar no que faz.
• Confiar no setor.
• Ser solidário com as pessoas em momentos de dor e alegria.
Antes do encontro:
• Preparar bem o encontro.
• Tomar conhecimento e estudar o assunto que será tratado.
• Ler e meditar o texto bíblico utilizado no encontro.
• Providenciar o que se pede para o encontro (cantos, símbolos, orações...), como também usar da criatividade e pedir ajuda a outras pessoas para a preparação do
encontro.
• Prever sempre o local e a hora exata do encontro.
• Distribuir as tarefas, para que as pessoas encarregadas das leituras e dos cantos venham preparadas.
• Estar atento aos acontecimentos alegres e tristes dos membros do grupo (aniversários, doenças, mortes, nascimentos...).
Durante o encontro:
• Acolher e valorizar as pessoas, de forma que se sintam realmente à vontade.
• Criar um clima positivo e alegre.
• Dar vez e voz aos participantes.
• Aceitar as ideias e valorizar as experiências dos outros.
• Decidir e assumir em conjunto.
• Não ser dominador(a), nem autoritário(a).
• Motivar as pessoas a falarem, respeitando também o silêncio e a timidez das pessoas.
• Cuidar para que as pessoas não se desviem do assunto, com comentários, falatórios, histórias.
• Não falar o tempo todo, como também não deixar alguém falar sozinho.
• Motivar para que os participantes tragam a Bíblia para o encontro, pois ela é o instrumento principal do setor.
• Favorecer a participação de todos nos debates e nas tarefas.
• Procurar ver sempre o lado positivo da questão, evitando as críticas negativas.
• Responder as perguntas que lhe forem dirigidas (quando não souber a resposta, diga que não sabe e que, se possível, trará a resposta no próximo encontro).
• Levar o setor a conclusões e compromissos concretos.
• Avaliar o encontro com o grupo. Ver o que foi bom e o que pode ser melhorado.
1.3 Como superar as dificuldades?
a) Quando falta preparo, formação, metodologia e jeito de conduzir o encontro:
• Recorrer à equipe de coordenação paroquial;
• Pedir formação para animadores e animadoras e participantes dos grupos.
b) Quando o animador ou animadora acumula lideranças:
• Lembrar que o setor precisa o máximo de atenção. Por isso, evitar o acúmulo de funções.
• Despertar novas lideranças no próprio setor.
• Ter perspicácia para perceber carismas e dons que as pessoas têm, e incentivá-las a assumirem serviços em favor da comunidade.
c)Quando falta uma visão clara de política geral e partidária:
• Deixar claro que no setor não se faz política partidária.
• Lembrar e ensinar que a política, enquanto promoção do bem comum, defesa dos direitos humanos, luta contra o desemprego, conscientização de justiça..., é dever de todos nós.
• Buscar exemplos de ação política na Bíblia: Deus enfrentou o poderoso faraó para libertar o povo da escravidão (Ex 3,1ss). Por causa de sua opção pelos pobres e pela defesa da vida humana, Jesus foi processado e morto pelo poder político.
• Informar-se, junto à paróquia e à diocese, sobre subsídios que ajudem na formação política dos cristãos.
d) Quando há fofocas:
• Ajudar as pessoas a superarem o vício da fofoca e das intrigas.
• Ensinar a correção fraterna.
• Não desanimar quando há fofoca, lembrar a bem-aventurança da perseguição (Mt 5, 11-12).
e) Quando falta clareza sobre a finalidade do setor:
• Informar-se sobre o que a paróquia e a diocese diz a respeito dos setores em suas Diretrizes para a Ação Evangelizadora.
f) Quando alguém só quer rezar e não quer seguir o livreto ou não quer refletir:
• Lembrar que é próprio dos setores unir oração, reflexão à luz da Palavra e ação.
• Não esquecer: os setores são um modo moderno e atualizado de reviver a prática das primeiras comunidades cristãs.
g) Quando falta a participação dos homens e dos jovens:
• Convidá-los de forma discreta, respeitando sua liberdade.
h) Quando alguém desvia o assunto:
• Valorizar o que as pessoas estão conversando, mas convidá-las, com jeito, a voltar para o assunto do dia. Pode-se fazer uma pergunta que provoque a volta ao tema central.
• Anotar, se for o caso, o tema que os participantes estão tratando e apresentá-lo à comissão de elaboração dos livretos, para ser tratado em algum encontro futuro.
i) Quando o setor está desanimado:
• Promover uma avaliação que favoreça a melhora do setor.
• Ser criativo, criativa. Promover um retiro, um encontro de lazer, ou passeio, ou uma missa junto com outros setores.
• Visitar as pessoas para conquistá-las.
j) Quando o grupo é pequeno:
• Valorizar quem participa, mesmo que sejam poucos.
• Ir ao encontro das pessoas e convidá-las.
l) Quando o grupo é muito grande:
• Motivar e enviar alguns dos seus membros a formarem outros setores.
• Formar outros setores é uma atitude missionária, evangelizadora. Acreditar que a multiplicação dos setores facilita que a Palavra de Deus chegue a mais casas e famílias.
m) Quando lideranças da paróquia não apoiam os setores:
• Conversar sobre o assunto no CPP, se for preciso e conveniente.
• Manter o ânimo, na certeza de estar caminhando segundo a orientação da Diocese e paróquia.
1.4 Como tratar os diferentes tipos de participantes dos setores
É função do animador ou animadora estar atento à diversidade dos participantes, sabendo que todos têm qualidades que ajudam no crescimento do setor, e têm limites que podem ser superados. Vejamos alguns tipos de participantes e a maneira como tratá-los:
Quando o TIPO é: O ANIMADOR age assim:
Perguntador/a: Só atrapalha. Quer a todo custo impor a sua opinião. Não deve responder e nem posicionar-se. Deve perguntar o que o grupo está achando.
Cabeçudo/a: Não aceita argumentos. Não entende e não quer entender a opinião dos outros. Deve pedir que aceite a opinião do grupo, e prometer que depois discutirá o assunto com ele/ela.
Mudo/a: Ou o assunto não lhe interessa, ou já está cansado/a, ou está totalmente por fora, ou é tímido/a, ou não quer falar. Deve motivá-lo/a, perguntando o que está achando da discussão e pedir sua opinião. Nunca forçá-lo/a ou humilhá-lo/a.
Falador/a: Fala de tudo, o tempo todo, fugindo do tema. Tenta promover-se a si mesmo. Com delicadeza, deve cortar-lhe a palavra: “Desculpe, mas estamos fora do tema, e há outros que querem falar”.
Tímido/a: Tem boas ideias, mas tem dificuldade de expressá-las. Deve ajudá-lo/a, através de perguntas simples; e fazer elogios, quando merece. Isso ajuda a criar confiança.
Distraído/a: De repente começa a falar de qualquer coisa, sem se lembrar do assunto do encontro. Deve cortar-lhe a palavra com jeito, recordando-lhe o tema e pedindo sua opinião.
Detalhista: A pessoa que se enrola com pequenos detalhes, e não deixa o grupo caminhar. Com bom humor, deve mostrar-lhe que os detalhes são importantes, mas não tanto. Os detalhes podem ficar para outra hora.
Seguro/a: Sempre disposto/a, disponível, seguro/a de si e de sua posição no grupo. Gosta de ouvir e aceita opiniões. Participa bem. Deve pedir sempre sua opinião e agradecer sua contribuição. É uma grande ajuda no grupo.
Profundo/a: Fala pouco, mas participa. Quando fala, vai à raiz da questão. Não perde tempo em detalhes. Não deve deixar que os demais se sintam julgados por ele. Evitar que o grupo comece a depender de suas opiniões.
Prático/a: Não liga muito para a teoria. Seus exemplos são da vida concreta, do real, muito simples. Ajuda o grupo a aterrissar. Deve ajudá-lo a superar o simplismo, integrando o teórico e o prático. Deve lembrar a importância do estudo e da reflexão.
Legal: Consegue fazer rir com facilidade e contagia o grupo com seu otimismo. Alivia as tensões. Deve aprender a valorizar esta pessoa, sem que o grupo vire bagunça.
Otimista: Sempre encontra o lado bom das coisas e das pessoas. Defende os mais fracos. Gosta de elogiar. Deve valorizar este otimismo e ajuda-lo a perceber que há coisas negativas, que precisam ser vistas, para serem corrigidas.
2 ATITUDES QUE EXPRESSAM A ESPIRITUALIDADE DOS ANIMADORES E ANIMADORAS
Todo animador(a) de setor evangeliza pela palavra e pelo testemunho de vida. Para isso contribuem as seguintes atitudes:
1. Escutar – Ter capacidade de escuta e de diálogo. Saber relacionar-se e valorizar as pessoas na sua diversidade, descobrindo os seus valores. Não se sentir superior a ninguém. Ter convicções profundas, mas não se considerar dono(a) da verdade.
2. Acolher e cultivar a ternura – Acolher a todos sem fazer distinção de pessoas. Cultivar o cuidado, o carinho e a ternura no relacionamento com o grupo e com a comunidade.
3. Solidarizar-se – Estar atento(a) aos problemas de sua comunidade, do seu setor, sem cair em atitudes paternalistas ou autoritárias. Ter uma grande sensibilidade humana e social, com um forte sentido da justiça e da verdade.
4. Resistir – Perseverar nos momentos difíceis, sem desistir. Fazer-se presente quando e onde necessário.
5. Ter paciência e esperar – Saber que a paciência é uma das virtudes mais importantes do animador, da animadora. Olhar com esperança para o futuro.
6. Crer no Deus da vida – Cultivar uma relação pessoal profunda com Jesus Cristo e, nele, com o Pai e o Espírito Santo. Sem fé não há missão, não há verdadeira evangelização.
7. Amar na gratuidade – Ser uma presença amiga e gratuita. Ser capaz de amar e doar-se, sem esperar recompensa. Encontrar Jesus Cristo especialmente nos pobres, nos que sofrem, já que eles são os preferidos de Deus. Percorrer com eles os caminhos do Evangelho, amando, como Jesus, até o fim.
8. Perseverar na oração – Alimentar a própria fé com a oração diária, sem nunca desanimar. Aprender, na oração e na escuta da Palavra de Deus, a construir o Reino, com paciência e coragem.
9. Assumir a cruz – A missão nasce e cresce aos pés da cruz. Na vida cristã não há outro caminho possível a percorrer. A persistência e a paciência são frutos de uma cruz assumida com alegria. Viver a palavra de Jesus: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34).
10. Ser coerente – Seguir o exemplo de Jesus, que faz o que diz: “Eu, vosso Mestre e Senhor, vos lavei os pés; também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais também vós” (Jo 13,14-15).
3 TAREFAS DA COORDENAÇÃO DOS SETORES
Em cada Paróquia e em cada Comunidade haja uma equipe de Coordenação dos setores para animar e articular os setores. A equipe tenha convicção do valor dos setores, clareza sobre suas finalidades, sua organização e seu funcionamento. Busque formação permanente: cursos de liderança, escolas bíblicas e teológicas etc. Cabe à coordenação realizar as seguintes tarefas:
• Visitar as casas da comunidade para formar novos setores, pondo em prática, em nome de Jesus, o lema: “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3,20).
• Incentivar as famílias a participarem dos setores.
• Conscientizar a comunidade a respeito da importância e finalidade dos setores.
• Ajudar a resolver problemas dos setores.
• Visitar os setores.
• Ajudar a organizar encontros de celebração e confraternização dos setores da comunidade e da paróquia.
• Incentivar os setores para a ação e participação nas atividades da comunidade e nos compromissos sociais.
• Ajudar na organização e criação dos setores da comunidade.
• Planejar e promover a realização dos encontros e cursos de formação dos animadores e animadoras.
• Fazer reuniões periódicas com os animadores e animadoras, para: estudo de cada novo livreto; troca de experiências; formação; avaliação do andamento dos setores; planejamento de ações conjuntas.
• Realizar encontros com todos os participantes dos setores da comunidade ou paróquia para celebração e confraternização (Advento e Natal, Quaresma e Páscoa, Tempo Comum), para debate e aprofundamento de temas...
• Participar do Conselho de Pastoral da comunidade e da paróquia.
• Orientar na troca e escolha de novos animadores e animadoras, onde e quando necessário.
• Providenciar material para os setores e usar os livretos produzidos pela paróquia, contribuindo para uma verdadeira pastoral de conjunto.
• Ter conhecimento da quantidade necessária de material, para não deixar faltar e nem sobrar.
• Encomendar com tempo, receber e distribuir os materiais (livretos, folhetos, cartazes...) para os encontros, e organizar a forma de pagamento.
• Participar de reuniões e encontros de formação promovidos pela Diocese, paróquia e comunidade.
• Tornar conhecido e pôr em prática o lema dos setores: “Eis que estou à porta e bato”(Ap 3,20).
TERCEIRA PARTE
SÍNTESE GERAL
SÍNTESE GERAL
1 O que são setores?
São grupos que se encontram “em família” (em clima familiar) para rezar (oração), refletir a realidade à luz da Palavra de Deus (reflexão) e comprometer-se com a vida em todas as dimensões (ação), visando a transformar as pessoas, as comunidades e a sociedade.
2 Como surgiram?
O Concílio Vaticano II apresentou a Igreja como povo de Deus em comunhão, sinal e instrumento do Reino, pequeno rebanho no meio da sociedade. Incentivou a leitura e o estudo da Bíblia, como alimento para a fé e o compromisso dos fiéis. Para pôr em prática este novo modo de ser e viver a fé, a Igreja incentiva a criação dos setores, com o propósito de reunir pessoas para rezar e refletir a Palavra de Deus e, à sua luz, colaborar com a transformação da sociedade.
O projeto de evangelização “Rumo ao Novo Milênio” (1996-2000), instituído pela CNBB, fortaleceu os setores. Iluminou-os com o jeito de ser Igreja das primeiras comunidades cristãs. Fez deles instrumentos de evangelização inculturada, de renovação das comunidades no mundo urbano e rural e de presença eclesial na sociedade.
Na Assembleia Diocesana ficou como prioridade da nossa Igreja a setorização.
3 Por que é prioridade?
Porque entendem que os setores são a Igreja na base, nas casas, no chão da vida. Neles é possível concentrar diversas ações evangelizadoras e pastorais da Igreja, como a leitura refletida e orante da Bíblia, a catequese com adultos, o aprofundamento da fé, o despertar de vocações e ministérios, a formação de lideranças, a prática concreta do amor, a solução de conflitos pessoais e grupais. Os setores formam comunidades concretas de fé, porque manifestam a presença de Jesus no meio do povo (Mt 18,20) e testemunham a mensagem de esperança de Jesus Ressuscitado que prometeu permanecer conosco até os fins dos tempos (Mt 28,20).
4 Como os setores se organizam na Diocese?
A organização dos setores começa na comunidade, e os grupos se organizam por ruas, quadras, tendo no máximo 15 famílias. Na paróquia e comunidade haja uma equipe que coordene a articulação dos setores e a criação de novos setores; atenda à formação dos animadores e animadoras dos setores; e organize, no respectivo nível, encontros para animadores, animadoras e membros de setor. Os setores são orientados por uma Equipe diocesana e paroquial que dinamiza e fortalece a sua caminhada. Cabe a essa equipe a organização de encontros diocesano e paroquial para a formação de animadores e animadoras e a produção de subsídios, com a colaboração de uma equipe de elaboração e revisão de livretos-roteiros para uso dos setores no decorrer do ano litúrgico.
5 Qual a importância dos setores e por que participar?
Os setores ajudam a pessoa a ter intimidade com a Palavra de Deus, a refletir a vida à luz dessa Palavra e, assim, ir amadurecendo sua vida de fé. Fortalecem os laços de amizade entre vizinhos, famílias e grupos, abrem espaço para a partilha do saber, incentivam a convivência no amor, na justiça, na solidariedade e na unidade.
Despertam vocações e lideranças para o serviço do Reino, nos diversos ministérios da Igreja. Incentivam as pastorais, movimentos e grupos a criarem a comunhão na diversidade da Igreja. Renovam a identidade do ser cristão e fortalecem a consciência da missão da Igreja, no compromisso com os ensinamentos e a prática de Jesus Cristo. São uma forma de catequese contínua. Evangelizam, encorajando os fieis a assumir os desafios do mundo atual, tais como o individualismo, a violência, a exclusão e outros.
Buscam na prática da solidariedade, na promoção humana e no respeito mútuo a defesa da vida em todas as dimensões, dando continuidade ao projeto de Jesus que veio ”para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10).
6 Como ser animador e animadora dos setores?
O animador/a animadora é uma pessoa entusiasmada pela Palavra de Deus e pela comunidade. Conhece a proposta dos setores e assume a missão na gratuidade, no amor e na doação.
É uma pessoa alegre, perseverante, animada, consciente e convicta de sua missão. Alimenta sua fé na oração e na escuta da Palavra de Deus. É aprendiz, vive o discipulado junto ao mestre Jesus. Tem como projeto de vida o anúncio do Evangelho. Acredita no Deus da vida e da libertação, e tem esperança em Jesus ressuscitado, vitorioso. Sabe escutar e dialogar, é paciente diante das diferenças e dificuldades, dando vez e voz a cada participante. Busca a formação contínua, participa de encontros dos setores, comunidade e paróquia.
Portanto:
Promover os setores e participar deles ativamente é modo excelente de caminhar em comunhão com nossa Igreja Particular. Os setores ajudarão a alcançar o objetivo de nossa Ação Evangelizadora, dando testemunho de Jesus Cristo e da força transformadora de sua Palavra (Is 55,10s):
• indo ao encontro do povo, e reunindo as pessoas em pequenos grupos (nas casas, condomínios, apartamentos e outros), como Igreja doméstica, a exemplo das primeiras comunidades cristãs (At 2,42 );
• incentivando a “espiritualidade de comunhão” (Novo Millennio Ineunte 43) e favorecendo a experiência do amor e da unidade de Deus Uno e Trino;
• celebrando a vida em comunidade e integrando oração, reflexão e ação, no compromisso com o projeto de Jesus Cristo “para que todos tenham vida” (Jo 10,10);
• despertando nas famílias e nos grupos os valores éticos e cristãos, e mostrando as exigências de Deus no cotidiano da vida (Mt 5,ss);
• vivendo a caridade e promovendo solidariedade, a partilha, a entre-ajuda e o amor fraterno entre os
membros dos setores e as comunidades em que vivem (Jo 13,12s).
Fontes Bibliográficas
ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS. Subsídio para
formação de animadores e animadoras de Grupos de Reflexão, 1. ed.
Florianópolis, 1999.
ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS. Subsídio: A Igreja nas
casas, 2. ed. Florianópolis, 2002.
ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS. Folder dos Grupos
Bíblicos em Família. Florianópolis, 2007.
DIOCESE DE CRICIÚMA. Orientações para animadores e
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